Friday, December 19, 2008

Olhos Esmeralda IV

Um dia eu ia
Quando ali parei...
Já havia visto à cegos olhos
Que quando em luz se desfizeram
Que de tanto brilho, embriaguei.

Tenho mundos de lembranças
Mas nada ousou ser tão belo
Quanto aquelas pedrinhas no caminho
Que um dia eu ia
Quando ali parei....

Wednesday, August 06, 2008

A menina e a flor

A menina e a flor
Paradas no tempo de agora
perdido no quarto parado
Parado num quarto de hora
Na hora que me dei perdido
Num quarto parado de hora
Perdido num tempo senhora
Entre a menina e a flor.

Wednesday, March 12, 2008

Limbo

Tinham o mesmo intuito os dois.
Uma grande festa à fantasia
Da qual disseram que tudo valia
Se nada ficasse para depois.

Ele, de anjo, à pé seguia
Ela, a diabinha, seus cavalos brecou:
- Para onde vai o anjinho que a mim inebria?
- Para onde me levar a diabinha que cantou.

- Posso te levar ao inferno, meu anjo destemido...
- Pois ao teu lado tudo é céu, meu anjo... caído...
E tudo então, ali se apressou...

Da festa, só souberam dias mais tarde
Quando, naturalmente, gelou tudo aquilo que arde
E calou o alarde do que nada deixou.

Saturday, February 23, 2008

Caminhos

Caminho solto
em revolto
caminho
Aninho absorto
no gosto
do vinho
Descaminho exposto
in constante
caminho
torto.

Tuesday, February 19, 2008

de tudo um pouco

sou de tudo
um pouco
posto que tudo
é um
e é pouco
já que em cada um
tudo quer
sempre mais.

Monday, February 18, 2008

da minha Estrela

é num momento...
sem qualquer sentido
(in)compreendido
pousas tua mãozinha
sobre a minha
tão de leve
que talvez
não fosse para tanto
no entanto
é insensatez
a tua mãozinha
sobre a minha
aturdido
sem qualquer sentido
acalento...


Passeio de ônibus com minha filha e ela pousa sua mãozinha sobre a minha, em sua displicência tão infantil. Ali, o mundo é meu.

Tuesday, February 05, 2008

Carne

Queria o poema perfeito
Que vestiria o teu ser
Num coro de delícias
E malícias de querer...

Vou beijar-te
E estamos conversados.

Sob os teus olhos
Me toma a inquietude
Sobre teu corpo
Inquietam-se meus olhos
A te despir
Enquanto teus olhos
Me despem a alma.

Wednesday, January 16, 2008

Olhos esmeralda II

Andei bisbilhotando, confesso...
Mas é que ando possesso
Com o fato de ter tido acesso
E não ter feito, no ato,
O que merecia o excesso.

Mas se o peito procura recesso
Até parece um retrocesso
O jeito com que me arremesso
Um vôo todo imperfeito
De feito todo inconfesso.

Mas hoje pareço egresso
E se já, por fim, não me apresso
Não pense com isso que desinteresso
Repense, dispense o processo-regresso
Que vem soturno e depresso.

Andei bisbilhotando, confesso...
Mas confesso aqui, e de fato,
Que mesmo sem caminho impresso
E de razão sem muito aparato,
Sou do homem o indolente caricato.
De ti, o mais travesso arrebato.
De mim, o inflamado sucesso.

E que de tudo que há na terra eu faça poesia. Que chegue terremoto, avalanche, dissonante, maresia E que eu faça do acorde puro e seco o ...