Friday, June 09, 2006

Cheiro seco

À ti, que baila, branca bruma,
Em densa e torpe mata escura
De leitos tantos e tristes espumas
De sonhos mil da juvenil procura

À ti, que brinda, negra noite
Ao céu, ao sal, dos retirantes
Enforca o riso e beija o açoite
Na morte-vida de peitos arfantes

Entrego o olor outonal que já nem sentes
Azedo-doce de caminho errante
Ao pranto mudo de corpo vibrante

De alma dorida e pele ardente
Esse cheiro de praga, de pó, de semente
Cheiro seco de poeta, teu irmão claudicante.

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E que de tudo que há na terra eu faça poesia. Que chegue terremoto, avalanche, dissonante, maresia E que eu faça do acorde puro e seco o ...