Andei bisbilhotando, confesso...
Mas é que ando possesso
Com o fato de ter tido acesso
E não ter feito, no ato,
O que merecia o excesso.
Mas se o peito procura recesso
Até parece um retrocesso
O jeito com que me arremesso
Um vôo todo imperfeito
De feito todo inconfesso.
Mas hoje pareço egresso
E se já, por fim, não me apresso
Não pense com isso que desinteresso
Repense, dispense o processo-regresso
Que vem soturno e depresso.
Andei bisbilhotando, confesso...
Mas confesso aqui, e de fato,
Que mesmo sem caminho impresso
E de razão sem muito aparato,
Sou do homem o indolente caricato.
De ti, o mais travesso arrebato.
De mim, o inflamado sucesso.